Saturno
O primeiro mitema refere-se a uma "realeza passada e perdida", caracterizada pelos reis Janus/saturno, antes de qualquer referência ao tempo, ainda que teogónico. É o mitema da nostalgia (em português, saudade), que nos fala de Janus, "rei de todo o começo", e do seu hospedeiro, Saturno, rei de Saturnia muito antes da história de Roma, cuja decadência, por acção entrópica do tempo, é comprovada com a destituição, e até a castração, do filho da terra, Cronos,pelos seus descendentes olímpicos.
Paradoxalmente, é esta imagem do rei enfraquecido,
envelhecido e doente, que vai herdar o Saturno da Astrologia.Essa grande imagem do reino caídoe do "Rei desdenhado", doente- e, no caso de
Amfortas, atingido nas partes genitais -constituirá uma obsessão de todo o romanesco do ciclo
bretão. São os temas do "gaste pays" (país esgotado) e da
"árvore seca", que aguardam o regresso do salvador.
[Gilbert Durand - 1987 - Nova Deli - Colóquio Tradições: Uma Renovação Contínua]
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